E como Marcou…! <3

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Boa tarde pessoal! Venho aqui hoje para, dentre as tantas experiências vividas ao longo desses tão intensos 3 dias pela grande SP, contar as que mais me marcaram, as que me fizeram refletir, pensar e apreciar a vida por aqui… Então vamos lá:

1º dia: Bom Retiro – 06/05/2015
Primeiro dia da viagem, muitas expectativas… Me encontrei hoje com o meu grupo e de cara percebi que não tinha tantos amigos próximos, o que a princípio me deixou um pouco aflita, mas o que me alegrou muito ao fim do dia, foi que com apenas algumas horas de convivência, pude perceber o quão legais essas pessoas são e o quão divertido foi esse grupo todo unido.
O dia começou com a minha primeira entrada em um ônibus, a qual me surpreendeu bastante, já que esperava que fosse ser algo desconfortável, mas que pra minha alegria, não foi! Nosso primeiro destino foi a ocupação Mauá na região da Luz. Não fazia ideia do que era uma ocupação e de como esta funcionava, e para tirar essas dúvidas, tivemos uma conversa com uma das moradoras da ocupação, a Dona Ivanilda, que com muito carinho e paciência nos contou cada detalhe daquela realidade. A ocupação corre diariamente o risco de ser interditada e tomada pelo ministério público e é habitada por pessoas desempregadas que não têm onde morar. Lá, estas pessoas lutam por uma moradia própria, têm o objetivo de transformar o prédio em um lugar devidamente habitável e fazem de tudo para garantirem uma boa convivência pensando sempre no coletivo e se motivando sempre a deixar aquele ambiente o mais agradável possível! Essa visita foi de longe um dos momentos que mais me marcou nessa viagem, pois diante de uma perspectiva totalmente distante da que eu sempre vivi, enxerguei o amor no coração daquelas pessoas que fazem de tudo para garantir o bem coletivo, e que em nenhum momento pensam em torno de seus próprios umbigos, mas sim em cada indivíduo que, naquele prédio desapropriado, garantem a sua sobrevivência. O que mais me encantou nisso tudo foi ver que todos ali se sentem como uma grande família e que em nenhum momento recebem benefícios ou financiamentos para melhorarem aquelas condições…
Outro momento muito marcante no dia foi a nossa noite na praça Roosevelt, lugar repleto de skatistas, artistas, grafiteiros… Que bonito que foi ver toda aquela sintonia entre grupos tão distintos, entre as luzes da noite, entre a movimentação da cidade em plena quarta-feira à noite! Foi após a visita à praça que percebi que São Paulo está lotado de ambientes incríveis que dão um “up” na cidade, mas que, infelizmente, não são nem um pouco valorizados e reconhecidos…

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Vista do pátio da Ocupação Mauá. São ao todo 237 apartamentos

2º dia: Consumo- 07/05/2015

O segundo dia foi, de longe, o mais cansativo, mas o que eu mais gostei! Visitamos lugares bem opostos, começando o dia na 25 de março, lugar repleto de vendedores ambulantes, caos, agitação, correria e passando por ambientes como a Galeria do Rock, a Oscar Freire, rua conhecida pelas lojas de marca, ambiente calmo para um passeio, restaurantes saborosos… e encerrando a tarde em uma Mesquita no Brás. O que mais me marcou com esta experiência, não foi um momento específico, mas uma conclusão que tirei ao fim do dia. É inevitável (e sem preconceito nenhum!) afirmar que, dentre todos os lugares visitados, o que mais se assemelha e se aproxima à minha realidade é a Oscar Freire. No entanto, comparando esta com a 25 de Março, em que as condições sociais e econômicas são bem diferentes, me familiarizei muito mais com a vida e as pessoas da 25. Isso porque lá o clima é outro:  você passa e te dizem bom dia, falam com você, as pessoas interagem entre si, conversam, riem, exercem o seu trabalho e se divertem com ele… Há vida naquele lugar! Há uma animação ali! Conversei com muitas pessoas, e todas as vezes fui bem recebida com um belo sorriso no rosto, elas ouviram o que eu tinha para falar e responderam às minhas perguntas com vontade, com carinho! Na Oscar Freire, a situação, para mim, foi completamente diferente: o ambiente de primeira vista já é mais “frio”, sem ânimo, sem aquela vontade de viver que eu enxerguei no começo do dia… Cada pessoa trabalhando em seu respectivo ambiente de trabalho, infiltradas naqueles poucos metros quadrados das lojas, sem interesse algum na vida da porta para fora, e as que passavam na rua estavam somente preocupadas com seu próprio ritmo, com sua própria vida, passavam rapidamente, sem se importar com os outros a sua volta. Fui com uma amiga tentar entrevistar algumas pessoas, esperando ter a mesma hospitalidade que tive com as outras citadas anteriormente, mas fomos recebidas friamente e de certa forma ignoradas. Foi essa comparação entre esses dois ambientes que me marcou de uma maneira nunca antes vivida e que com certeza terá um peso enorme daqui para frente na minha relação com as pessoas.

25 de Março x Oscar Freire
25 de Março vs Oscar Freire

3º Dia: Roteiro Surpresa- 08/05/2015
Todo o grupo aguardava ansiosamente para a anunciarem o nosso roteiro do terceiro e último dia. Eu particularmente esperava que fosse ser um roteiro que os outros grupos fizeram nos dias anteriores, e para minha surpresa, o roteiro do dia seria montado por nós, integrantes do grupo! Esta ideia de roteiro livre me animou bastante! O que será que escolheríamos? Fomos dando várias ideias, como por exemplo a minha de revisitar a 25 de Março e o Viaduto Santa Efigênia para realizarmos mais algumas entrevistas com aquela gente que eu achei tão bacana (sim, eu amei aquele lugar), mas no final escolhemos visitar os bairros Santa Cecília e Higienópolis e fazer, em um mini documentário, a comparação entre esses dois e as respectivas diferenças causadas pela construção do Minhocão. Mas dessa experiência eu conto depois, porque o que mais me marcou desse dia, não foi nenhum lugar específico visitado, mas sim uma conversa inesperada com dois índios nordestinos que encontrei em frente ao SESC Consolação. Assim que os avistei fiquei com uma vontade imensa de conversar com eles e abordar o meu tema do trabalho: “existe amor em SP?”. Me aproximei e me apresentei, eles fizeram o mesmo e me contaram que são de Alagoas e estavam em São Paulo em uma “missão” de transportar a sua cultura e tradição para as pessoas da capital. Já de cara me encantei! O que me marcou muito desta conversa foi ouvir suas opiniões sobre a vida paulistana comparada com a nordestina, que de certa maneira me deixaram envergonhada e frustrada, com uma vontade imensa de fazer algo para mudar essa realidade descrita por eles, a qual, infelizmente, é a mais pura verdade. Não quero agora entrar em muitos detalhes, porque o conteúdo dessa conversa queria deixar para o documentário final, mas o que posso dizer agora é que esses índios afirmam sem nenhum receio que em SP não há amor, não há bondade nas pessoas, os seres humanos por aqui não têm alma… Foram palavras que me tocaram muito. Mas enfim, paro por aqui e guardo suas palavras para serem exclusivas do documentário.

Kauani e Kaujabí da tribo Kariri Xocó
Kauani e Kaujabí da tribo Kariri Xocó

A viagem inteira me marcou muito e não me arrependo em nenhum momento das minhas escolhas feitas e das experiências vividas nela. Esses momentos que descrevi foram os que mais marcaram, mas não desvalorizo, de maneira alguma, todos os outros incríveis que vivi… Espero que tenham gostado! 🙂

– Mari

Um comentário em “E como Marcou…! <3

    Roteiro de Viagem- Grupo 2 <3 « Existe amor em sp? disse:
    25 de maio de 2015 às 03:01

    […] o momento mais marcante do dia (se não sabe do que eu estou falando, dá uma checada neste post: https://mnm152cg7.wordpress.com/2015/05/11/e-como-marcou-3/). Eu não fazia ideia do que seria uma ocupação, e depois dessa visita, ver que mais de 200 […]

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